Desejamos muitas vezes ter o controle de tudo, poder decidir quando, como, onde, sem que haja interferências ou obstáculos para que as coisas aconteçam do ‘nosso jeito’. Mas, se observarmos o nosso próprio corpo, por exemplo, ele possui sistemas pelos quais não possuímos nenhum controle. Até mesmo as nossas ideias, quem nunca tentou parar um pensamento, ou até mesmo mantê-lo, mas ele simplesmente escapou, as ideias fluem, indiferente da nossa tentativa de controle.
Aquilo que controlamos diz respeito apenas a uma fatia da grande pizza, que pode ser nós mesmos e também os outros. E essa pequena fatia da qual controlamos é fundamental, é o que nos possibilita a ação. O restante? É incontrolável, não podemos fazer nada a respeito, por isso é tão importante olharmos com bastante atenção a nossa pequena fatia de ação, e isso não é negativo, embora pareça. Requer uma grande responsabilidade e humildade em reconhecer os próprios limites e assim ter ações mais coerentes.
Mas não é tarefa fácil parar de desejar ter o controle, sentimos medo e insegurança daquilo que desconhecemos, encaramos nossas limitações e nos frustramos quando o outro discorda de nós, ou quando nossa expectativa não é atingida. Mas não nos sentimos incomodados quando aquilo que não controlamos se apresenta de forma que nos convém, como por exemplo, pedir que o outro lave a louça (expectativa de controlar uma ação alheia) e esse outro além de lavar a louça, também seca e guarda (o outro sai do controle esperado, que é apenas lavar a louça, e faz outras atividades que te agradam).
Quanto mais desejamos controlar, mais inseguros nos sentimos, e quanto mais inseguros nos sentimos, mais angustiados e frustrados ficamos. É um esforço destrutivo. O transito não vai andar apenas porque você buzinou, aliás, buzinar é uma ação que cabe na sua fatia de ação, mas, foi uma ação construtiva? Resultou em algo positivo? Ou gerou mais estresse?
É nessa lógica que precisamos refletir: dentro da minha pequena fatia de ação, devo escolher a possibilidade que vai me gerar o resultado que eu necessito, ou pelo menos se aproximar ao invés de me causar problemas. A buzina pode não ajudar, mas talvez colocar uma música e se distrair enquanto o incontrolável trânsito te impossibilita de chegar ao seu destino, ou ligar avisando o possível atraso, enfim, apenas um pequeno exemplo para que possamos ter mais consciência daquilo que nos cabe e assim produzirmos menos esforços (físico, emocional e mental) na direção do que não nos é possível agir.
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